"Porque a vida não é um conto de fadas e sim, um conto de fatos."

A problemática do diploma*



A área de Comunicação Social é uma das que mais empregam no Brasil. A última pesquisa sobre a indústria foi divulgada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que apontou serem gerados pelo setor cerca de 700 mil empregos diretos, com carteira assinada.  Além disso, atuam no ramo mais de 100 mil empresas, que desembolsam juntas pelo menos R$ 6,8 bilhões em salários e obrigações trabalhistas. No mesmo estudo os números mostravam a receita total do segmento de R$ 57,4 bilhões, desta, o Jornalismo liderava com a maior parte, sendo: R$ 1,6 bi em atividades de rádio, R$ 21,7 bi em atividades de televisão e R$ 25,3 bilhões de jornais, revistas, publicações e materiais gráficos.

Esses números apresentam bem o que o setor significa e a influência mercadológica dele, no entanto, a problemática do diploma para jornalistas pode colocar em cheque o que esses profissionais têm de mais valioso, mais, inclusive, do que o próprio rendimento financeiro: a credibilidade.

Há três anos o Superior Tribunal Federal (STF) caiu com a exigência de curso superior de Jornalismo para o exercício da profissão. Em agosto deste ano, o Senado aprovou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33 que agora tramita na Câmara dos Deputados e deve ser votada até no final do ano. Se aprovada, a classe jornalística agradece. Mas o que me deixa mais intrigada é como a obrigatoriedade de um diploma cai em pleno século XXI, quando tanto se fala em qualificação profissional. Isso é retrocesso, não?!

Desde a infância muitos elogiavam minha escrita e habilidade de me comunicar muito fácil com as pessoas, diziam para eu ser jornalista. Eu realmente quis ser. Não por escrever bem ou ser comunicativa, como ponderavam, sobretudo, porque foi na faculdade que tive meus primeiros contatos com os princípios e valores éticos de um comunicador, foi ali que me formei PROFISSIONAL.

É realmente retrógrado achar que para ser jornalista a formação é desnecessária. Se comunicar, escrever bem e ser formador de opinião são quesitos essenciais sim, no entanto, não excluem a necessidade da leitura, de debate e de outras questões práticas abordadas dentro de uma universidade.  Já ouvi colega de profissão dizer que faculdade não adianta nada, pois muitos recém-formados saem sem saber ler e escrever. 
Agora imagine se esses profissionais nem tivessem passado por uma academia e estivessem no mercado mesmo assim. Fora de cogitação.

A oportunidade de se tornar um profissional por mérito e reconhecimento todos têm, de fato não será o diploma a interferir. O problema é minimizar a profissão em relação às outras, diminuindo esse profissional que ficou no mínimo quatro anos sugando informação de professores, estudando o Código de Ética, se preocupando com os conceitos e aplicando na prática... Desvalorizando esse profissional que depois de conquistar merecidamente um diploma, vira noites nas redações, se dedica aos plantões dos fins de semana, abre mão de feriados e férias com a família, tudo isso para garantir que a informação chegue à sociedade de forma responsável.  

Reivindicar pelo diploma para jornalistas é lutar em prol da educação, da disseminação do conhecimento e da democratização da informação. E pelo o que eu saiba lutar por isso nunca foi demais.

* Artigo de opinião publicado na Revista Elite Business



  

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"Nunca satisfarei a todos e eu nem quero! Os célebres pensadores sempre foram criticados e nem por isso deixaram de contribuir para a inteligência e conhecimento humanos." (Carol Aleixo)